Jó 14 - João Ferreira de Almeida Atualizada 1987
1 O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação.
2 Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece;
3 e sobre tal homem abres os olhos e o fazes entrar em juízo contigo?
4 Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!
5 Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número dos seus meses; tu ao homem puseste limites além dos quais não passará.
6 Desvia dele os olhares, para que tenha repouso, até que, como o jornaleiro, tenha prazer no seu dia.
7 Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos.
8 Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco,
9 ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova.
10 O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem e onde está?
11 Como as águas do lago se evaporam, e o rio se esgota e seca,
12 assim o homem se deita e não se levanta; enquanto existirem os céus, não acordará, nem será despertado do seu sono.
13 Que me encobrisses na sepultura e me ocultasses até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasses de mim!
14 Morrendo o homem, porventura tornará a viver? Todos os dias da minha luta esperaria, até que eu fosse substituído.
15 Chamar-me-ias, e eu te responderia; terias saudades da obra de tuas mãos;
16 e até contarias os meus passos e não levarias em conta os meus pecados.
17 A minha transgressão estaria selada num saco, e terias encoberto as minhas iniqüidades.
18 Como o monte que se esboroa e se desfaz, e a rocha que se remove do seu lugar,
19 como as águas gastam as pedras, e as cheias arrebatam o pó da terra, assim destróis a esperança do homem.
20 Tu prevaleces para sempre contra ele, e ele passa, mudas-lhe o semblante e o despedes para o além.
21 Os seus filhos recebem honras, e ele o não sabe; são humilhados, e ele o não percebe.
22 Ele sente as dores apenas de seu próprio corpo, e só a seu respeito sofre a sua alma.
Eclesiastes 3 - João Ferreira de Almeida Atualizada 1987
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:
2 há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;
5 tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
6 tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
8 tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
9 Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?
10 Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir.
11 Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
12 Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada;
13 e também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho.
14 Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
15 O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou.
16 Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda.
17 Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra.
18 Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais.
19 Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade.
20 Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.
21 Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?
22 Pelo que vi não haver coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua recompensa; quem o fará voltar para ver o que será depois dele?